terça-feira, 12 de março de 2013

E o papo é o Papa




Agora que o Papa Bento XVI abdicou (mas não morreu nem foi morto), e os cardeais se reúnem em concílio no Vaticano para elegerem o próximo Sumo Pontífice, um grande filme da década de 60 se torna bem atual.

Trata-se do filme "As Sandálias do Pescador", com Anthony Quinn no papel principal, entre outros grandes nomes, realizado em 1968, em plenos tempos da guerra fria.



Conta a história do prisioneiro político 103592R em Lubianka na Sibéria, o russo Kiril Pavlovick Lakota, ex-arcebispo de Lvov, elevado a Cardeal de Santo Atanásio, e depois proclamado eleito Papa Cirilo I.



David Janssen faz o papel do jornalista norte-americando George Faber que descreve muito didaticamente toda a cerimônia e protocolo desde a morte do papa até a sua coroação, ao longo do filme. Nestes tempos atuais, pode ser muito esclarecedor sobre o ritual que se comenta nos noticiários, diante do que estamos e iremos presenciar para a sucessão de Bento XVI.



O filme aproveita cenas externas reais de quando o Papa João XXII morreu em 3 de Junho de 1963 e foi substituído por Paulo VI.




Eu considero o filme quase profético

Por exemplo, em plena época de competição de política, de tensão pelo crescente poderio nuclear e corrida espacial espacial entre Estados Unidos e União Soviética, a história do filme coloca um cardeal russo como líder da Igreja Católica Apostólica Romana, que seria uma coisa inédita haver um papa não italiano depois de quase quatrocentos anos. Isto acabou ocorrendo depois, quando elegeram o Papa João Paulo II, que era polonês (de língua também eslava, como o russo, e de um país que antes era do bloco chamado de Cortina de Ferro, aliados da comunista URSS).

No filme, o novo e simplório Papa russo procura quebrar uma série de protocolos e formalidades da engessada e ostentosa Igreja Católica, a ponto de abrir mão da riqueza do Vaticano em favor dos famintos e dos que nada têm. Na realidade, também quase que poderíamos ter tido isto com o Papa João Paulo I, que morreu misteriosamente depois de apenas 33 dias de pontifício. Na cerimônia de coroação, este rejeitou simbolismos de outro e optou por madeira, o que pode ter chocado muitos católicos conservadores.

E por fim, na minha opinião o mais ousado e genial, o filme sugere o surgimento de uma nova potência mundial, a China prestes a dominar o mundo e em crise com problemas em alimentar sua imensa população.

Mas além do contexto e das interpretações, o filme ainda apresenta cenas de paisagens e tomadas de câmera magistrais.



Também é rico em frases de efeito e pensamentos que levam à reflexão. 
Nos próximos posts estarei compartilhando 23 frases selecionadas e extraídas do filme. Espero que gostem.*




Primeiro-Ministro Piotr Ilych Kamenev:
- O que você aprendeu em 20 anos de confinamento?
Kiril Pavlovick Lakota:
- "Eu aprendi que, sem algum tipo de amor, o homem murcha, como uma uva em uma videira seca."


Um comentário:

Julio Melo disse...

Cheguei atrasado...

É, agora temos uma Papa argentino, as piadas forma muitas no twitter.

Eu acho muito legal o termo "Cortina de Ferro".

A "nova potência" era pra ser o Brasil, mas sabe como é que é, né.

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